milico atira em gay

 

 

Exército abre inquérito para apurar agressão contra rapaz homossexual

Estudante baleado após a Parada Gay abraçado com a mãe - Foto: Pablo Jacob - Extra

Estudante, baleado no abdômen, reconheceu farda azul em site do Exército, mas instituição afirma que militares não usavam essa tonalidade no domingo. Jovem vai tentar reconhecer agressores através de fotosComente(768)

  • Delegado diz que há contradições no caso
  • O delegado Fernando Veloso, que investiga o caso, disse que na quinta-feira o estudante vai tentar reconhecer o seu agressor através de fotos. O Exército, segundo o delegado, vai enviar à delegacia fotos de todos os militares que estavam de plantão na noite de domingo. O delegado tenta também identificar o rapaz que estava com o estudante no domingo à noite. O delegado Fernando Veloso disse que outras pessoas também estavam no local e queria identificá-las para tentar encontrar o agressor. Fernando Veloso disse que caso as pessoas apareçam vai garantir o anonimato.

    Na manhã dessa terça-feira, policiais da 14ª DP (Leblon) voltaram ao Parque Garota de Ipanema para tentar encontrar o projétil ou o cartucho da pistola que atingiu o estudante. Apesar da varredura, nada foi encontrado.

    A assessoria de Comunicação Social do Comando Militar do Leste (CML) informou, nesta terça-feira, que o Exército não usa fardas na cor azul, contradizendo o depoimento do estudante.

    Na delegacia, ele contou que foi xingado e abordado por homens vestidos com uniformes camuflados na cor azul. Em sua defesa, o CML reforçou que não tem patrulhas fazendo rondas no parque.

    O grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT reivindicou, em nota divulgada à imprensa nesta terça-feira, a rigorosa investigação do caso. Segundo a nota, "caso fique provado que o disparo realmente foi feito por militares que faziam a ronda no local, como relatam familiares da vítima, o Grupo Arco-Íris cobra punição exemplar ao homofóbico".

    Jovem baleado na delegacia. Reprodução TV Globo

    O grupo afirma ainda que "cabe lembrar que as Forças Armadas e todos os operadores de segurança de nosso estado e do país têm por obrigação garantir a segurança e a proteção de todos os cidadãos, independentemente de credo, cor, orientação sexual e identidade de gênero". A nota é assinada por Julio Moreira, presidente da organização.

    A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) também se manifestou contra os atos de violência envolvendo homossexuais, ocorridos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em nota, o grupo pede o fim imediato de toda e qualquer violência homofóbica, e a promoção de uma cultura de paz e respeito à diversidade. No texto, eles pedem que o Poder Executivo, em todos os níveis, tome as medidas cabíveis e apure os fatos destes e de outros crimes de violência cometidos contra LGBT, identificando e punindo exemplarmente os culpados, sem deixar os crimes impunes pois, segundo eles, a impunidade gera mais violência. Do governo federal, eles querem a aceleração da implementação do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e dos Direitos Humanos de LGBT.

    A associação pede ainda a implementação de planos de combate à homofobia e de educação para o respeito à diversidade sexual, para que as novas gerações possam aprender a conviver e respeitar as diferenças. Outra reivindicação é a promoção em âmbito estadual e municipal de eventos como o II Seminário de Segurança Pública para LGBT, que na semana passada capacitou 150 policiais de todo o país em questões específicas para a segurança da população LGBT.

     

    Rapaz diz que está traumatizado

    O estudante disse que está traumatizado. Segundo a mãe dele, o jovem está descansando em casa de parentes, chora muito e diz que não quer sair mais de casa. Ela fez um apelo para que o rapaz com quem ele estava no parque apareça para prestar depoimento. Ela acrescentou que será garantido a esse rapaz o anonimato caso ele ajude a identificar os homens que atiraram no filho dela.

    Exército já se pronunciara na segunda

    Na segunda-feira, o Comando Militar do Leste já tinha divulgado uma nota informando que nenhum militar do Forte de Copacabana disparou arma de fogo naquela madrugada, no Arpoador. Já a Polícia Civil informou que enviou um ofício ao Exército requisitando a apresentação do oficial de dia para prestar depoimento sobre o caso. A apresentação está marcada para próxima quinta-feira, às 10h, na 14ºDP (Leblon).

    De acordo com policiais de plantão na sala de polícia do Hospital Miguel Couto, na Gávea, onde o jovem foi atendido, o disparo foi feito de um fuzil.

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